No sábado, pelo Campeonato Inglês, o risco de rebaixamento do West Ham transformou o Estádio Olímpico de Londres em um barril de pólvora na derrota por 3 a 0 para o Burnley. Dois torcedores invadiram o gramado, e um deles entrou em choque corporal com o jogador Mark Noble. Nas arquibancadas, brigas e hostilidade aos dirigentes do clube, que precisaram deixar as tribunas.
O clima era tão tenso que o banco de reservas do Burnley foi usado para proteger crianças caso a situação saísse totalmente do controle dos seguranças (confira abaixo a postagem no Twitter). “Eu vi algumas famílias saírem [do estádio] porque os jovens estavam assustados”, lamentou Sir Trevor Brooking, um dos maiores jogadores da história do West Ham, em entrevista à BBC Radio 5.
No dia seguinte à confusão, a diretoria do clube londrino cobrou providências da LS185, empresa que administra o Estádio Olímpico e responsável pela segurança, e afirmou que só entrará em campo nas próximas partidas agendadas no local se houver reforço de policiais e garantias de que todos estarão a salvo de uma batalha campal. O West Ham é o atual 16º colocado do Campeonato Inglês, com 30 pontos, a apenas três da zona de rebaixamento.
A Inglaterra tornou-se um exemplo mundial de combate à violência no futebol. A guerra contra os hooligans e a obrigatoriedade de modernizar estádios para evitar novas tragédias como a de Hillsborough, que matou 96 torcedores do Liverpool em 1989, foram os embriões para o surgimento da Premier League, a versão moderna do campeonato nacional, a partir de 1992.
Há mais de 25 anos, os ingleses apostam em leis rígidas e conscientização coletiva, com estádios sem grades e arquibancadas próximas ao gramado, mas sob intensa fiscalização de câmeras e segurança patrimonial, para criar uma atmosfera única e segura para o futebol. O incidente no Estádio Olímpico de Londres não coloca o modelo em risco, mas é um alerta de que mesmo os planos bem-sucedidos podem ser vulneráveis.
‘Acabou a paz’ na França
Também com risco de ser rebaixado, o Lille passou por susto ainda maior no último fim de semana. Após o empate em casa por 1 a 1 com o Montpellier, centenas de torcedores invadiram o gramado em forma de protesto e ameaçaram jogadores. O volante brasileiro Thiago Maia, ex-Santos, contou ao ao canal francês RMC Sport que se livrou de tentativas de agressão.
Sem vencer há seis partidas, o Lille é penúltimo colocado do Campeonato Francês, com 28 pontos, faltando nove rodadas para o fim da competição.
A atual temporada do futebol local tem acumulado ocorrências com torcidas, principalmente com vandalismo e uso de sinalizadores em partidas. Há uma semana, “ultras” do Olympique de Marselha quebraram cadeiras e depredaram banheiros do Parque dos Príncipes após derrota por 3 a 0 para o Paris Saint-Germain, pela Copa da França.
Revólver na cinta
Para fechar o fim de semana de tensão na Europa, a mais surreal das cenas. Ivan Savvidis, presidente do PAOK, entrou em campo com um revólver na cintura e ameaçou a arbitragem após um gol anulado na partida contra o AEK, pelo Campeonato Grego. Seguranças e policiais evitaram algo pior em campo.
“Sua carreira como árbitro acabou”, teria dito o dirigente ao juiz Georgios Kominis, segundo relato de Manolo Jimenez, treinador do AEK.
A Grécia é um dos países com mais incidentes violentos entre torcidas na Europa. O próprio PAOK, na atual temporada, perdeu três pontos (e depois recuperou-os na esfera jurídica) porque Óscar García, técnico do Olympiacos, foi atingido por um rolo de papel utilizado em máquinas registradoras durante partida entre os times, em fevereiro.
Por Uol